Devemos ser simpáticos ou verdadeiros?

Quando me pedem a opinião sobre alguém, a primeira frase que surge no meu pensamento é "queres uma resposta simpática ou verdadeira?"
Em relação aos mais íntimos, tenho por norma ser verdadeira, independentemente da pessoa em questão ser feia e completamente estúpida. Se for, digo. O problema é quando alguém com quem não convivemos diariamente ou simplesmente não temos tanta confiança nos pergunta o que achamos do namorado novo... Aqui, e principalmente se a apreciação não for positiva, impõe-se a resposta simpática.
Ora bem, elogiar qualquer pormenor físico é sempre uma saída. A pessoa deve ter qualquer coisa gira... Se não tiver, inventa-se! No fundo quem nos fez a pergunta está à espera de um elogio... Lá por causa disso, dá-se! Para mim, são ilusões mutuamente aceites, ou seja, quem quer respostas verdadeiras vai ter com os amigos mais chegados, certo? Sujeita-se é a não gostar da resposta. Quando pergunta aos outros é porque sabe que, provavelmente, vai ouvir aquilo que quer. Então resta-nos ser convincentes nas palavras. Mas nada de "tem uma beleza alternativa", essa não pega! A minha frase nº1 é "tem uns olhos expressivos..."
Depois, desde ter "máquinas de roupa a lavar" até "bifes para descongelar", tudo serve para me pirar dali!
Quando a minha amiga Tulipa, com toda a sua diplomacia, diz "ai, ele é um querido... é muito boa pessoa...", pronto, o tipo é feio que dói! Mas o conceito de beleza da Tulipa normalmente depende do carro que a pessoa tem... Um Audi, um BMW ou um Mercedes costuma acrescentar uns pontos consideráveis à avaliação! (Coitadita, não se pode dar-lhe grande crédito, agora que encontrou o seu Girassol anda meia aparvalhada, cada vez que fala só ri e saem-lhe corações dos olhos... O amor é lindo. E acaba com qualquer conceito. Se calhar não. Quer dizer, acaba. Sim. Ou não. Sim.)



Quanto à Orquídea, o truque dela (já que essa alminha abre a boca e só depois é que pensa) é responder com outra pergunta que será, inevitavelmente, "qual é o signo dele?". Nunca conheci ninguém com tamanha pancada por signos! E antes que a pessoa comece a chorar por ninguém lhe dar um elogio firme e conciso, ela já está com aquele arzinho de Barbie Enfermeira e a soltar qualquer coisa do género "é tão parecido com o meu vizinho, sabes, aquele que eu gosto muito? Gosto mesmo muito dele, está sempre bem-disposto!" (Ainda bem que o prédio dela tem mais de cinco andares, haja vizinhança à escolha!)



Já a minha amiga Camélia, a rainha do timing perfeito, é sempre verdadeira, não há nada a fazer... Mas de uma maneira tão simpática, tão simpática, que logo a seguir está a contar uma anedota para aliviar o clima! E depois desaparece. Ou entorna qualquer coisa. Ou fala das gatas. (A Camélia conseguiu encontrar duas gatas tão alucinadas como ela! Pelo menos há coerência naquela casa... O marido que o diga!)



De certeza que todos vocês já apanharam com as cinquenta namoradas do vosso amigo de longa data e há sempre a bimba mamalhuda... Aquela com o pneu a saltar do top três números abaixo, o decote até aos tornozelos (Exagero? Nunca! Como se o tamanho jumbo não bastasse, ainda as põe de fora), o eyeliner até às orelhas, gosta de dizer "prontos", começa as frases com "é assim" e usa a bonita expressão "há certas e determinadas coisas que". Por mim tudo bem, aquilo nem deve durar muito tempo... Mas não me perguntem é o que é que eu acho dela! Por favor... isso é estar mesmo a pedi-las!