As flores também coram?

Então não?! Depois de 28 anos a construir uma reputação, das duas uma: ou acabei de arruiná-la, ou tornei-me o ídolo da vizinhança... E porquê, perguntam vocês? POR CAUSA DO MEU BENFICA! Digamos que eu sou uma sofredora e não consigo assistir a um jogo sossegada e, sobretudo, calada (em casa, claro, no estádio sou uma senhora...) (ok, tenho dias). E diga-se também de passagem que o meu vocabulário futebolístico não inclui coisas como "malandro", "patife", "o senhor árbitro está a ver mal", "permitam-me que discorde", etc... Não, não é por aí. E como se não bastasse o meu fervor clubístico deixar-me fora de mim e obrigar-me a dialogar em decibéis de níveis inatingíveis com a televisão, ser interrompida pela campaínha da porta em pleno jogo é coisa que me altera por completo o esquema cerebral (se é que ele existe nestas alturas). Primeiro, porque quando o Benfica joga o mundo pára; segundo, porque era um derby; terceiro, porque nenhum vizinho resolve vir pedir saca-rolhas emprestados a outro que está aos berros há pelo menos meia-hora! O gajo é parvo ou quê?? Ainda não sei bem como, mas lá se livrou de mais um brinde vernáculo com os cumprimentos da casa... É que só o primeiro golo do Sporting ganhou um "FILHOS DA P..." que deve ter sido ouvido no estádio da Luz! (Oh, eu não moro assim tão longe...) Imaginem os 100 minutos de futebol que ainda restavam...
Portanto, 5 taquicardias depois (e além de ter ficado quase sem voz), segundo os últimos relatos (relato é uma palavra bonita quando ainda não se analisou bem a linha que divide a queixa subtil e a congratulação amena, é o chamado "ahã" seguido de sorriso), o meu "fervor" chegou pelo menos aos ouvidos dos 37 condóminos do meu prédio, sem falar na rua, bairro, freguesia e arredores...
Não sei se gosto muito dos olhares piedosos que já recebi hoje... Humm...